Histórico
O Laboratório de Pesquisas em Leishmaniose do Instituto Oswaldo Cruz, Fiocruz foi criado em outubro de 1978, quando o Dr. Grimaldi foi contratado pela Fiocruz para chefiar o DUBC/IOC. Entre 1979 e 1984, foram desenvolvidos vários estudos sobre resposta imune, histopatologia e patologia ultraestrutural da leishmaniose cutânea, além de terem sido estabelecidos nesta época os primeiros estudos de caracterização molecular de leishmânias.Em 1980 foi criada a Coleção de Leishmania, CLIOC, com apoio do Instituto Oswaldo Cruz, Fundação Oswaldo Cruz e Organização Mundial da Saúde. A coleção já recebeu mais de 3800 amostras para depósito e/ou caracterização. Hoje possui um acervo com um pouco mais de 1.600 cepas, divididas em 3 subgêneros e 30 espécies, representando os principais grupos taxonômicos de Leishmania do Mundo. Estas cepas são provenientes de diversas localidades e diferentes hospedeiros, sendo a maior parte da América do Sul. A coleção é membro associado da World Federation for Culture Collections, WFCC, WDCM 731.
Em 1985, o laboratório foi transferido para o Departamento de Imunologia, sendo então desenvolvidos projetos para estudar fatores (tanto do parasito como do hospedeiro) determinantes na expressão da doença humana ou em modelos experimentais, incluindo:
- antígenos específicos dos parasitas caracterizados com anticorpos monoclonais;
- alterações imunopatológicas nas lesões cutâneas;
- moléculas de Leishmania expressas na diferenciação celular;
- caracterização do polimorfismo genético (taxonomia) e evolução molecular (filogenia) de Leishmania.
Em 1994 foi implantado o Programa de ensaios pré-clínicos com vacinas de Leishmania em modelo primata (Macaca mulatta) da doença humana. Os projetos são financiados por agências nacionais (FIOCRUZ; FAPERJ; PRONEX 3/CNPq; Instituto do Milênio de Tecnologia e Desenvolvimento de Vacinas, MCT/CNPq) e internacionais (OMS/TDR, Switzerland; CORIXA/Bill & Melinda Gates Foundation, USA; Welcome Trust Programme, UK), sendo os estudos multidisciplinares realizados em colaboração com outros pesquisadores que desenvolvem vacinas recombinantes de Leishmania (R. T. Gazzinelli, CpRR/FIOCRUZ, Brasil; S. Reed e A. Campos Neto, Infectious Disease Research Institute, Seattle, EUA; J.M. Blackwell, University of Cambridge, UK; S.Beverley, Washington University, S. Louis, USA). Entre as linhas de pesquisa desenvolvidas atualmente pelo grupo relacionamos as seguintes:
- Taxonomia de tripanosomatídeos (serviços de referência para diagnóstico e identificação e coleção de Leishmania);
- Polimorfismo genético e/ou antigênico de leishmânias e flebotomíneos (epidemiologia molecular e diagnóstico);
- Desenvolvimento de métodos moleculares específicos para leishmânias (para uso no diagnóstico direto da infecção); e
- Leishmaniose experimental em primatas (estudos de resposta imune, imunopatologia e vacinas).
Nosso Laboratório de referência, anteriormente denominado Laboratório de Referência Nacional para Tipagem de Leishmania (LRNTL), atualmente (2023) teve seu nome alterado para Laboratório de Referência para Diagnóstico e Identificação de Leishmania (LRDIL), em função de necessidade de adequação ao atual serviço que prestamos.
Esse fato se deve a constatação da necessidade de apresentar de forma mais visível a identidade de nosso Laboratório de Referência, com o trabalho desenvolvido por nossa equipe.
Desde 2015 firmamos uma colaboração com a OPAS/OMS para contribuir com o Programa Regional de Leishmanioses e desde esse momento nosso laboratório responde como Laboratório de Referência Regional da OPAS/OMS para identificação genética e sequenciamento das espécies de Leishmania que circulam na região. Isso demonstra que a atuação do nosso laboratório vai muito além de tipagem de Leishmania spp. e de fato temos recebido muito mais amostras de natureza diversa para diagnóstico molecular e identificação de espécies do que cepas de Leishmania para tipagem.
Além disso, nossa parceria com a OPAS envolve ainda uma intensa participação no Programa de Avaliação Externa de Desempenho para o Diagnóstico Microscópico de Leishmanioses, com atividades que incluem capacitação, avaliação crítica do painel de lâminas preparado pelo INS-Colômbia e enviado para todos os países participantes, elaboração de painel de lâminas que é enviado ao INS-Colômbia para avaliação de desempenho externo, entre outras atividades.
Diante do cenário exposto, nosso grupo considerou de extrema necessidade a mudança do nome, entendendo que o atual passa a expressar de fato, a abrangência da nossa atuação.
Após apresentação de nossa necessidade de mudança a Vice-Diretoria de Laboratórios de Referência, Ambulatórios e Coleções Biológicas (VDLRACOL), e a Diretoria de nosso Instituto, tivemos o de acordo para essa mudança de nome a acrônimo de nosso Laboratório de referência.
O LRDIL/CLIOC presta ainda serviços especializados para a comunidade científica, incluindo:
- identificação e caracterização de molecular amostras;
- depósito, preservação e armazenamento de cepas refletindo a biodiversidade de leishmânias neotropicais;
- fornecimento de cepas para ensaios biológicos;
- formação de recursos humanos; e
- consultoria e fornecimento de dados úteis que embasem ações específicas do governo no controle epidemiológico das leishmanioses.
Solicitações de depósito são submetidas a uma análise prévia pela CLIOC para verificação de enquadramento no escopo do acervo. Cepas de Leishmania associadas a trabalhos científicos publicados ou em preparação, isolados de biomas característicos do país, que representem o amplo espectro das manifestações clínicas observadas nas leishmanioses, que estejam sendo utilizadas em projetos de desenvolvimento de vacinas e/ou kit diagnóstico e em projetos genoma, são altamente relevantes para o acervo.
As culturas enviadas para depósito devem ser transportadas obedecendo as normas de transporte de material biológico em vigor. Maiores detalhes podem ser obtidos diretamente com a equipe da CLIOC ().